Dr. Márcio Rodrigues
A Fotocoagulação a laser é um procedimento utilizado no tratamento de diversas doenças que afetam os vasos sanguíneos do olho localizados na Retina. Antes do seu surgimento, a maior parte dessas doenças não tinha tratamento eficaz e propiciavam hemorragias com muita frequência. Com o advento da técnica e a revolução causada por essa nova tecnologia, hoje, muitas doenças retinianas podem ser tratadas através desse método.
Como a Fotocoagulação a laser funciona?
O laser é uma fonte luminosa intensa que, quando aplicada ao epitélio pigmentar da Retina, é convertido em energia térmica, com a temperatura subindo para além de 65 ºC na área de aplicação. Este calor, por sua vez, induz abrasão no tecido retiniano, levando à desnaturação de proteínas, instaurando-se assim um processo de coagulação e posterior cicatrização. A técnica é utilizada para reduzir a proliferação de vasos sanguíneos retinianos.
No IOC, é utilizada a fotocoagulação a laser de Argônio, um dos mais utilizados no mundo para realização da técnica.
Durante o procedimento, podem ser realizadas ablações em vasos específicos (fotocoagulação focal) ou em uma grande quantidade da Retina (fotocoagulação pan-retiniana) para a redução do crescimento de vasos sanguíneos. Neste último caso, pode se realizar a ablação a laser em dezenas a centenas de pontos da Retina.
Tratamentos com fotocoagulação por laser
A Fotocoagulação a laser é utilizada no tratamento de diversas doenças da Retina:
Retinopatia Diabética
A Diabetes descontrolada leva à proliferação desenfreada de vasos sanguíneos anômalos na Retina, estágio da doença conhecida por Retinopatia Diabética Proliferativa. Por sua constituição anormal, são vasos finos e fracos que, ao sangrar, levam a prejuízo irreversível da visão. Nestes casos, a Fotocoagulação a laser de Argônio é capaz de realizar a ablação desses neovasos, reduzindo seu crescimento e evitando novos sangramentos.
Degeneração Macular Relacionada à Idade
Apesar de indicada com menos frequência e ser substituída pela Injeção Intravítrea em diversos casos, a Fotocoagulação a laser também pode ser usada em situações específicas de Degeneração Macular, como no caso de pacientes que não respondem bem à terapia com drogas anti-VEGF intravítreas. Beneficiam-se os pacientes que apresentam a proliferação de vasos da coróide longe da fóvea, área central da Retina que forma imagens com a maior nitidez.
Glaucoma
O Glaucoma caracteriza-se pelo aumento da pressão intraocular a níveis que podem lesionar o nervo óptico, que conduz o estímulo luminoso captado na Retina até o cérebro. Em casos específicos de Glaucoma neovascular, a proliferação de neovasos pode ser controlada com a Fotocoagulação. O uso do laser ainda pode ser usado para reduzir diretamente a pressão intraocular (procedimento conhecido como Trabeculoplastia a laser) ou reduzir o acúmulo do humor aquoso através da diminuição de sua produção e aumento da sua saída pela Ciclofotocoagulação.
Anemia Falciforme
Alguns portadores de Anemia Falciforme apresentam uma Retinopatia específica da doença, muito semelhante à Retinopatia Diabética, com proliferação de vasos sanguíneos anômalos e aumento das chances de Descolamento da Retina e Hemorragia Vítrea. Nesses pacientes, o uso da fotocoagulação a laser de Argônio parece ser eficaz na prevenção da perda visual e da Hemorragia Vítrea.
A Fotocoagulação a laser dói?
O procedimento de Fotocoagulação é realizado apenas após a anestesia. Na maior parte dos casos essa anestesia é realizada com o emprego de gotas de colírio. Em uma menor parcela dos pacientes, pode ser necessária a infusão de anestésicos de Lidocaína em áreas específicas do globo ocular. De qualquer forma, após a anestesia o procedimento é indolor.
Como é realizado o procedimento?
A Fotocoagulação a laser é um procedimento simples, indolor e rápido, realizado em regime ambulatorial (não requer internação). Apresenta duração média de 10 minutos e não é preciso realizar nenhum preparo ou jejum.
Para realizar o procedimento, será realizada a dilatação da pupila. Por isso, é necessária a presença de um acompanhante pois não será possível dirigir após a fotocoagulação.
Ela é um processo indolor e a anestesia é feita através de gotas de colírio.
Riscos e efeitos colaterais
Apesar de ser uma técnica segura, assim como qualquer procedimento (oftalmológico ou não) o paciente nunca está isento de riscos. As complicações que podem advir do tratamento com Fotocoagulação a laser incluem:
Através de um procedimento supervisionado por um oftalmologista competente e equipe bem treinada, as complicações graves como Edema Macular e Hemorragia Vítrea, bem como a Fotocoagulação da Fóvea, podem ser reduzidas significativamente.
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